Perguntas inteligentes – A chave para aprender línguas

Você sabia que a qualidade do seu aprendizado está diretamente ligado a qualidade das perguntas que fazemos? Tanto os questionamentos que fazemos a nós mesmos, quanto as perguntas que fazemos a professores e pessoas mais experientes. A maneira com que questionamos o mundo está diretamente ligada ao nosso modelo mental. Neste artigo, falaremos um pouco sobre quais os tipos de perguntas eficientes a se fazer na hora de aprender japonês e outras línguas.

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E se um estrangeiro lhe perguntasse…

Imagine se um estrangeiro que está estudando português chegasse até você e fizesse perguntas como:

  • Qual a diferença entre “achar” e “encontrar”?
  • Como eu sei se o gênero de uma palavra é masculino ou feminino?
  • Qual a diferença entre “tudo bem” e “tudo bom”?
  • Qual a diferença entre “poder” e “conseguir”? (Lembrando que quem fala inglês utiliza o “can” para ambos os casos, e quem fala japonês utiliza o できる ou a forma potencial do verbo para ambos os casos)
  • Como eu sei se devo usar “no/na” ou “em”? Por exemplo, “na casa” ou “em casa”?
  • Como eu sei se uma palavra se escreve com S ou Z? Como eu sei se uma palavra se escreve com X ou CH? Como eu sei se uma palavra se escreve com SS, Ç ou SC?

Você provavelmente teria que pensar muito para responder cada uma delas, daria uma gaguejada, demoraria alguns minutos formulando a resposta e, no fim das contas, o estrangeiro em questão não entenderia sua resposta.

Parece até irônico quando analisamos a situação pelo ponto de vista de quem já sabe o idioma, não é mesmo?

Acontece que é muito comum entre estudantes de japonês fazer perguntas muito semelhantes, tanto para japoneses, quanto para professores de japonês. No fim, acabam se frustrando por não receber uma resposta satisfatória. Se você já estuda japonês, já deve ter passado por esta experiência. Para você que está para começar, tem a oportunidade de já iniciar do modo correto.

Em minha história pessoal, por algum motivo tive desde o começo um perfil de aprendizado mais passivo, ou seja, fazendo poucas perguntas e aceitando as coisas como são (sendo esta a forma que incentivo, com total convicção, as pessoas a estudarem). Por este perfil, não passei por este tipo de frustração como aprendiz de japonês.

Mas quando comecei a ensinar japonês, no curso de uma escola convencional de idiomas, passei a receber inúmeras perguntas como estas por parte dos alunos e desde então comecei a pensar em como reeducar o estudante de línguas, para que ele aprenda da forma correta e eficiente.

Justamente por isso, hoje eu chamo estas perguntas de “Perguntas ineficientes“.

Eu sei que estas perguntas podem ser respondidas. Talvez um professor de português, com formação em Letras e especializado em explicar a língua portuguesa de forma detalhada, possa responder facilmente estas perguntas.

Mas não é esse o ponto. O ponto é que nós nunca fizemos estas perguntas para aprender português. Pare e pense, você alguma vez precisou que alguém lhe respondesse estas perguntas para você aprender português?

Provavelmente não. Nós aprendemos tudo de forma intuitiva, falamos da forma correta com naturalidade e podemos viver para sempre sem saber o porquê de certas coisas.

As perguntas ineficientes ao aprender japonês

É exatamente assim que um japonês (ou um estrangeiro que fala japonês fluente, como eu) se sente ao receber perguntas como:

  • Qual a diferença entre a partícula は e が?
  • Por que falamos “日本が好き” e não “日本を好き”?
  • Qual a diferença entre 元気 e 大丈夫?
  • Qual a diferença entre ところ e 場所?
  • Como eu sei se uma palavra é com づ ou ず?
  • Como eu sei qual leitura do KANJI utilizar?

E muitas outras perguntas…

Nota: Se você ainda não estuda japonês, talvez não entenda estas perguntas. Basicamente, são perguntas tão “chatas” de responder quanto as colocadas no início do artigo.

Para a maioria das coisas, nós nunca precisamos de uma resposta, precisamos apenas da exposição, e isso torna o processo de aprendizado muito mais tranquilo.

Eu recebo constantemente este tipo de pergunta dentro do Programa Japonês Online, fazendo parte do meu papel reeducar o aluno a fazer as perguntas corretas e aprender japonês com a abordagem correta e eficiente.

Perguntas eficientes

Veja bem, o seu tempo estará sendo muito melhor aproveitado se, ao invés de usá-lo para buscar respostas racionais para coisas tão específicas, respostas para perguntas que envolvam os termos “por que” ou “como eu sei qual…”, usar esse tempo para se expor a ainda mais conteúdo em japonês. Ler mais e escutar mais, de forma relaxada e tranquila.

Eu sei que para muitos esta ficha demora a cair, alguns discordam e acham que não estamos querendo ensinar, ou que não sabemos a resposta…

Sim, muitas vezes eu não sei mesmo a resposta, justamente porque nunca precisei dela. Assim como a maioria de nós aqui não sabemos as respostas para aquelas perguntas sobre português. O curioso é que um nativo japonês também fica embaraçado ao tentar responder este tipo de pergunta.

É assim que funciona aprender uma língua, quer queira quer não. Com pouca lógica, muita aceitação, passividade e exposição. Aquele que aceita que é assim que as coisas funcionam e busca adequar seu estudo ao método, acaba chegando até a fluência muito mais rápido, principalmente para línguas bem distantes do português, como o japonês ou o coreano. Aprender japonês não é só uma questão de estudar conteúdo, deve ser feito com um método eficiente e com a mentalidade correta.

Para finalizarmos, deixo para você o seguinte exercício: Sempre que sua dúvida de japonês envolver os termos “Por que…”, “Como eu sei que…”, “Não poderia trocar por…” e semelhantes, deixe a pergunta de lado e vá ler outras sentenças ou textos. Mesmo que em um primeiro momento você ainda pense que precisa desta resposta, faça este exercício por um tempo (testar não custa nada!) e veja os resultados.

Quer aprender mais sobre um método mais eficiente de aprender japonês? Recomendo a leitura deste artigo.

Aprendendo na prática

O vídeo abaixo mostra de forma prática como aprender a gramática japonesa sem excesso de racionalização e questionamentos. No exemplo, foi utilizado sentenças com a partícula に, mas o mesmo conceito funciona para absolutamente tudo.

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